terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

FUNDAMENTALISMO CATÓLICO E O OPORTUNISMO PROTESTANTE




A negação da autoridade Papal de Francisco pelos fundamentalistas católicos, sejam leigos ou clérigos, acaba desembocando num alinhamento político moralista com os protestantes que, por sua vez, além de negarem ao mesmo tempo a autoridade Papal (no caso dos protestantes a negação é em si mesma), também negam o discurso progressista do Papa. A linha mais precisa que dividi católicos e protestantes acaba ficando tênue e a política moralista aparece como meio de conciliação. Em toda minha vida protestante acreditei que se existisse alguma conciliação, essa se daria por Cristo e não por César (Bolsonaro); mas estava completamente errado.

Se essa união só se mostra no campo político, todo pensamento hostil permanece no campo religioso. Lembro-me de que quando frequentava os cultos pentecostais os discursos protestantes eram de que os católicos são idólatras, por isso não herdarão o reino de Deus, que o Papa era a besta, que Maria era apenas uma serva como foram todos os outros etc. Particularmente, não via a mesma hostilidade por parte dos católicos, embora existisse em menor grau.

O que os católicos fundamentalistas não percebem é que quanto mais se critica o Papa, mais os protestantes ganham espaço e adesão, seja no descrédito dado ao pontífice, seja nas novas gerações. Hoje sabemos que a comunidade protestante cresce cada vez mais, embora o Brasil seja um país ainda majoritariamente católico. Estima-se que por volta de vinte anos (ou até menos) os protestantes passem estatisticamente dos católicos. Quando os protestantes forem maioria neste país e a política moralista não servir mais de conciliação, não teremos mais fundamentalistas católicos, ou melhor, não teremos igrejas católicas.

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