A negação da autoridade Papal de Francisco pelos
fundamentalistas católicos, sejam leigos ou clérigos, acaba desembocando num
alinhamento político moralista com os protestantes que, por sua vez, além de
negarem ao mesmo tempo a autoridade Papal (no caso dos protestantes a negação é
em si mesma), também negam o discurso progressista do Papa. A linha mais
precisa que dividi católicos e protestantes acaba ficando tênue e a política moralista
aparece como meio de conciliação. Em toda minha vida protestante acreditei que se
existisse alguma conciliação, essa se daria por Cristo e não por César (Bolsonaro); mas
estava completamente errado.
Se essa união só se mostra no campo político, todo
pensamento hostil permanece no campo religioso. Lembro-me de que quando
frequentava os cultos pentecostais os discursos protestantes eram de que os
católicos são idólatras, por isso não herdarão o reino de Deus, que o Papa era
a besta, que Maria era apenas uma serva como foram todos os outros etc.
Particularmente, não via a mesma hostilidade por parte dos católicos, embora existisse
em menor grau.
O que os católicos fundamentalistas não percebem é que
quanto mais se critica o Papa, mais os protestantes ganham espaço e adesão,
seja no descrédito dado ao pontífice, seja nas novas gerações. Hoje sabemos que
a comunidade protestante cresce cada vez mais, embora o Brasil seja um país ainda
majoritariamente católico. Estima-se que por volta de vinte anos (ou até menos)
os protestantes passem estatisticamente dos católicos. Quando os protestantes
forem maioria neste país e a política moralista não servir mais de conciliação,
não teremos mais fundamentalistas católicos, ou melhor, não teremos igrejas
católicas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário